Barcelos foi hoje palco da constituição da Rede Europeia de Saúde Mental, que arranca com a participação de 20 cidades e pretende ser uma plataforma colaborativa para municípios e regiões empenhadas em integrar a saúde mental nas suas políticas.
A assinatura do respetivo memorando de entendimento decorreu no âmbito da distinção de Barcelos como Capital Mundial da Saúde Mental, título que ostenta até 2026, e do Congresso Mundial de Saúde Mental que hoje arrancou na cidade.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Mário Constantino Lopes, “a Rede Europeia de Saúde Mental está estruturada em três pontos fundamentais: a partilha de melhores práticas, o desenvolvimento conjunto de políticas na área da saúde mental e a cooperação internacional, designadamente através do reforço de parcerias para aproveitar oportunidades de financiamento destinado a projetos transfronteiriços neste domínio.”
Mário Constantino Lopes recordou que Barcelos foi o primeiro município em Portugal a criar uma Rede Municipal de Saúde Mental, constituída por 70 instituições privadas, públicas, institutos e empresas.
“Com um objetivo muito claro: o de criar respostas mais eficazes e abrangentes para as necessidades existentes. Designadamente para as famílias e cuidadores informais – o chamado “doente oculto” – que enfrentam, diariamente, imensos desafios”, acrescentou.
Também presente na cerimónia, a secretária de Estado da Saúde sublinhou, por seu turno, o facto de Barcelos ostentar a distinção de Capital Mundial da Saúde Mental, atribuída pela Federação Mundial de Saúde Mental na sequência de uma candidatura apresentada pelo Município.
“Isto não é apenas uma distinção, é um compromisso para com a comunidade, pois constitui um pilar estratégico na sua dimensão local”, disse Ana Povo. “É um reflexo de uma autarquia com uma visão, que conhece o impacto da saúde mental e investe em iniciativas de sensibilização e programas de apoio psicológico, como a Rede Municipal de Saúde Mental, o projeto “Abraça-te” e o “Mais Contigo”, acrescentou.
A governante referiu, ainda, que o significado do estatuto de Capital Mundial da Saúde Mental não se limita a Barcelos, considerando que tem repercussões em todo o país. “Este reconhecimento coloca Portugal na linha da frente, valorizando o trabalho desenvolvido localmente e projetando numa dimensão internacional”, realçou.
“Barcelos é a prova maior de que juntos podemos fazer a diferença nesta luta pela saúde mental, em suma, mostra-nos como é possível transformar cuidado em ação, estigma em empatia e o silêncio em calma”, concluiu Ana Povo.
A Rede Europeia de Saúde Mental arrancou com a adesão de 20 cidades: de Portugal, Espanha, Hungria, Países Baixos e França. São elas Barcelona, Barcelos, Braga, Ceuta, Manises, Sevilha, Saragoça, Almedinilla, Amesterdão, Atenas, Avilés, Beniel, Carcabuey, Fuente-Tójar, Leganés, Mieres, Múrcia, Priego de Córdoba, Vesprzém e Vierzon.
Congresso Mundial de Saúde Mental
A constituição da Rede Europeia teve lugar após a sessão de abertura da 30.ª edição do Congresso Mundial de Saúde Mental, que decorre entre hoje e o próximo sábado, em Barcelos.
Com mais de sete décadas de história, este encontro científico de referência internacional realiza-se em Portugal pela primeira vez, sendo uma organização conjunta da Câmara Municipal e da Federação Mundial de Saúde Mental (WFMH), em parceria com a Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental.
O presidente da Federação Mundial de Saúde Mental, o japonês Tsuyoshi Akiyama, sublinhou que “este congresso tem uma implicação internacional para a constituição da rede mundial e Barcelos tem sido um exemplo ao executar com eficácia todo o trabalho nesta área”.
Já Miguel Xavier, Coordenador Nacional das Políticas de Saúde Mental, sublinhou a importância do congresso e mencionou que, “ao longo destes dias, vamos assistir a temas interessantes e desafiantes que estão operar uma verdadeira reforma na saúde mental”.